27/09/2020 18h35
Histórias e fotos- capítulo XVII
Final de 1977 Ao final do ano letivo de 1977, eu queria saber se continuaria a trabalhar no Marista. Precisava que fosse logo. Caso contrário teria as férias para me organizar. Procurei o diretor para saber de minhas possibilidades para o ano seguinte. Ele achou graça e me tranquilizou dizendo que gostava do meu jeito arrojado de querer andar à frente das coisas. Perguntei se isso era bom ou ruim? Ele respondeu que algumas pessoas não gostavam, mas, que ele preferia pessoas como eu para carro-chefe. E já me adiantava que me queria na coordenação do primário em 1978 a tarde e nas aulas de português e redação das oitavas séries, no matutino. O primário tinha 24 turmas e 35 professoras. Eu teria de coordenar tudo. Era uma espécie de diretora. Disse que eu teria carta branca e só precisaria consultá-lo naquilo que eu não pudesse resolver. Perguntei quanto eu ganharia nestas duas atividades? Estávamos no corredor. Ele convidou-me a sentar nos bancos de pedras do pátio. Pegou um papel e começou a escrever. O coordenador do Segundo Grau pediu licença, queria falar com ele. O diretor disse que poderia falar. Então ele comunicou que o professor de português das cinco turmas de segundo ano pedira demissão. Olhou para mim e disse: - Ela poderia pegar irmão! O diretor me olhou e perguntou: - Você quer dar as aulas do segundo grau? Respondi que sim. Ele falou: - Está tudo resolvido. Eu não lhe disse que poderiam surgir novas oportunidades! O Ir Ovídio vai voltar, coordena as oitavas. João dá as aulas de português e ela assume as turmas de segundo ano. Mas, permaneça sentada para ouvir qual será seu salário. Os professores do científico ganham um pouco mais que os do ginásio. Ele escreveu no papel o valor da coordenação e do segundo científico. Era o dobro do que eu ganhara no ano anterior. As aulas do segundo ano eu aceitei logo. Fiquei de pensar e dar uma resposta sobre a coordenação do primário. Conversei com os filhos que acharam que eu deveria aceitar. No dia seguinte dei a resposta positiva. Era uma responsabilidade imensa, considerando o estado de saúde de meu marido. Entrei na capela do colégio, me ajoelhei e rezei: Senhor, quero continuar contando com a tua inspiração. Desde que assumi a responsabilidade da minha família, em 1970, quando Amilcar teve o AVC, tu tens me dado a força de um gigante diante de todas as adversidades. Quero continuar contando contigo, não para resolver as coisas por mim, mas, para não me deixar capitular diante das responsabilidades que me deste. Vou assumir mais este desafio, porque sei que me darás inspiração e força para isso. Amém! Sai da capela e pedi ao coordenador do científico os programas de português do segundo ano, para eu organizar o plano de curso nas férias. O professor que saiu tinha disponibilizado à coordenação os dados do livro que adotaria no ano seguinte. Pois o pedido era feito com antecedência às livrarias. Não gostei do livro, a parte de literatura era muito superficial, mas, não daria para mudar. Perguntei se eu poderia dar textos para os alunos fora do livro. Ele disse que eu era dona da matéria e a ministrava do meu jeito. Inclusive que poderia levar o material, entregar na mecanografia que seriam rodados para todos os alunos. Agora seria imprescindível mudar mais para perto dos colégios. Coordenando o primário eu teria de chegar mais cedo no vespertino. Procurei uma casa para alugar. Encontrei uma que nos agradou à Rua Graça Aranha, perto do Hotel Vila Rica. Era uma caminhada de vinte minutos até o Marista. Para ir ao Centro de Ensino de Segundo Grau Gonçalves Dias, apanhava o ônibus à Beira Mar e saltava em frente ao INPS. Atravessava a Avenida dos Franceses e já estava no colégio. Aluguei a nossa casa para o irmão da vizinha que se casaria logo e queria ficar perto da irmã. Passados dois meses comecei a ter problemas com o inquilino. Eu não o encontrava quando ia receber o aluguel. Precisei recorrer à firma onde ele trabalhava para que me pagasse os atrasados. Pedi a casa de volta e coloquei à venda. Pedi 100.000,00. Perto das outras, a casinha chamava atenção. Na mesma semana apareceu um comprador. Só tinha 90.000,00. Vendi a vista. Comprei uma Brasília 1976, seminova, contratei um instrutor para fazer três aulas de duas horas por semana durante 30 dias, nas férias de julho. A filha com 14 e o filho com 15 iam juntos. Cada um pegava 15 minutos. Ao final dos 30 dias fiz as provas e passei. Mas, ainda não dirigia com segurança. Treinei bastante nos finais de semana. Os filhos sempre iam e aprendemos a dirigir juntos. Foto feita pela mãe de alunos do primário, enquanto eu andava pelos corredores, na hora do recreio, em 1978, aos 34 anos. Segundo meu filho, à época, quando eu levantava a sobrancelha direita é que estava em alerta total, ou tinha algo sério sério para resolver! Publicado por Benedita Azevedo em 27/09/2020 às 18h35
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