Haicai, Verso e Prosa

Letras e Sentimentos

Meu Diário
20/10/2020 03h40
Texto recuperado I - Primeiros contatos com o haicai

Meu caro amigo, José Marins!

Permita-me fazer um comentário do qual você é um dos personagens.

Nesta ordem: Antonio Pimentel, Edson, Teruko e José Marins têm uma grande parcela de colaboração na minha formação de haicaísta. Eu os considero meus mestres de haicai. Li uma citação do Savioli, no livro Burajiru, onde afirma que a ignorância é atrevida. Pois bem, na minha atrevida ignorância, ao me apaixonar pela concisa forma do haicai, publiquei o livro “Nas Trilhas do Haicai”, com 280 tercetos. Para mim eram haicai, com todas as sílabas, no formato exigido.

A princípio não conhecia a realidade do haicai no Brasil. Ao ser convidada pelo Antônio Pimentel, em novembro de  2.000, para o lançamento do livro "Na trança do tempo" de Lena Jesus Ponte, tive o primeiro contato com o haicai e os primeiros brasileiros a praticá-lo. Confesso que a parte histórica, a princípio, conquistou a professora de literatura. Além de comprar o livro lançado, ganhei mais dois sobre o assunto. Meu entusiasmo em publicar o livro com uma pequena monografia ao final,  tinha por objetivo trabalhar com meus alunos da rede pública, textos curtos, feito a trova e o haicai; partindo daí para textos mais complexos em prosa e verso.

Nas reuniões de sábado, na Papelaria Ideal, em Niteroi, aprendi  as primeiras regras sobre o haicai com o amigo, Pimentel e a indicação de publicação na página do Haicai Brasileiro, no site do jornal Nippo-Brasil, e a coluna “Pétalas ao Vento”.

Foi ali, nos dez artigos do Edson que aprendi o que é haicai. Comecei a enviar meus haicai, aí sim, já com o kigo. Ele me convidou a participar do Festival do Japão em julho de 2005 e lá conheci o Murata, Douglas e Hazel que me convidaram a participar do Grêmio Ipê. Dia 05 de agosto de 2005, participei pela primeira vez da reunião do grupo. De então até abril de 2007, viajei uma vez por mês a São Paulo, onde participava das oficinas coordenadas pelo Edson, onde os haicais eram avaliados pela  professora Teruko Oda. Durante este tempo, o Mestre Goga participou de alguns encontros, no Sítio do Bugre, da sobrinha Teruko Oda.

Todo este preâmbulo, para contar como conheci o amigo José Marins. Após receber um volume do meu livro “Nas Trilhas do Haicai”, certo dia, me apareceu um e-mail dele falando do livro. Dizia que a minha vivência haicaísta o impressionara, mas, que a maioria dos meus tercetos, não eram haicai. E que poderia me orientar numa nova edição do livro. Disse-lhe que ia pensar no assunto, mas para outros haicais, pois aqueles já estavam publicados e não valeria a pena gastar mais dinheiro com eles. Passou algum tempo e o procurei. Muito ocupado, ele marcou uma data para que eu lhe enviasse o material para um novo livro.

Não lembro ao certo, tenho anotado em algum lugar, mas, me parece que lhe enviei 320 haicais. Ele respondeu o e-mail dizendo que não se faziam livros com tantos poemas. Que o ideal seria selecionar 200 e fazer dois livros com 100 cada um, pois, eu escolhera o formato do seu “Pinha Pinhão”.

Durante a seleção discutimos vários aspectos do haicai. Ele me indicou artigos da Débora, da Rosa e do site www.kakine.com para ler, sugeriu que lesse os haicais da Teruko e que não fosse tão rigorosa com a métrica. Acabamos nos tornando amigos. Selecionamos 170 haicais. Por sugestão dele, dividimos os livros por temas, de acordo com os haicais. Fizemos o “Canto de Sabiá” com 100 e “Praia do Anil” com 70 haicais.

Na minha aprendizagem do haicai clássico, foram meus mestres: primeiro o Edson, através do Nippo-Brasil e do Caqui. Depois a Teruko, no Grêmio Haicai Ipê junto com o Edson. Mais tarde, o Marins deu-me um toque diferente completando o meu entendimento sobre o haicai.  Douglas era a nossa âncora no Grêmio Haicai “Águas de Março”, sempre presente e solícito na orientação de seus membros.

"Na Haikai-l, sou mais uma observadora e aprendo muito. Foi aqui que conheci os artigos do prof. Paulo Franchette e a admiração dos haicaístas pelo seu trabalho e orientação. Leio tudo que é postado.  Somos 150 com a maioria “oculta” como já foi falado. Mas, como diz o provérbio, “o exemplo fala mais alto que as palavras”. Nosso mestre, Paulo, com sua vasta produção de haicais, provocou muitos de nós a seguir-lhe o exemplo. Quantos destes ocultos deixam de publicar seus trabalhos porque não recebem nenhuma palavra de incentivo! - Pelo menos: “que bom que você tentou, continue praticando!”.  Ninguém começou a praticar o haicai sendo o máximo. Cada um teve o seu tempo de aprendizado. Por isso, para quem gosta deste gênero mágico de composição e quer vê-lo parte integrante da literatura brasileira, sem nenhuma restrição, precisa apoiar quem está começado.

Há uma citação dos trovadores, que no momento, é o maior movimento literário brasileiro, que eles fazem questão de divulgar em todos os boletins, que ilustra a minha observação." - “O que você faz pela trova, é tão importante quanto a trova que você faz” (Deixei os dois  últimos parágrafos sem edição). 

Marins, obrigada pelas dicas, tão importantes no meu aprendizado. Obrigada a todos os confrades da Haika-l, obrigada Pimentel, Douglas,  Edson, muito obrigada minha mestra e amiga Teruko.

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Praia do Anil, 03/10/2010

Editado em 20/10/2020

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Benedita Azevedo


Publicado por Benedita Azevedo em 20/10/2020 às 03h40
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