01/11/2020 17h01
Histórias e fotos - capítulo XXI
Reaprendendo a viver O Amilcar faleceu dia 04 de maio de 1980, no dia em que completava 53 anos, faltando três meses para completarmos 18 anos de casados. Com muitos altos e baixos, dez anos após sofrer um AVC, os filhos crescidos, estudando, o Rogério trabalhando...a casa tomou um aspecto vazio. Mesmo estando acamado há quase dois anos, sentimos falta de sua presença. Faltava alguma coisa. Tínhamos de reestruturar tudo. Reaprender a viver sem ele. Os filhos se dedicaram aos estudos, teriam o vestibular ao final daquele ano. Na Universidade Federal do Maranhão a concorrência era grande. Além dos maranhenses muita gente de fora se inscrevia para disputar uma vaga. Após dois anos com o Amilcar acamado e muitos desafios a superar, os dois não conseguiram aprovação. Para os cursos preferidos por eles. Só havia uma opção à época, no Estado do Maranhão: UFMA - Universidade Federal do Maranhão. Matricularam-se em um cursinho. Jane conseguiu uma vaga em Odontologia, aos 17 anos, em Julho de 1981. Rogério continuou no cursinho e dois anos depois mudou de área e cursou Administração de Empresa, a princípio em Belém, depois na UEMA. Em julho de 1981, um ano após o falecimento do Amilcar, um grupo de professores do Marista viajou para fazer um Curso de Atualização em Educação. Começou em Campinas, SP dia 07 de junho e terminou no Rio de Janeiro, dia 27 do mesmo mês, ministrado pela equipe de professores da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. O grupo nominado de “ V JEMAR – Jornada de Educadores Maristas”. Foi um divisor de águas em minha vida, o romper de um casulo. V JEMAR (Jornada de Educadores Maristas) Os professores eram divididos por equipes. Havia uma hora de recreação. Cada dia um grupo era responsável. A minha vez era a última. Após um período sem escrever quase nada, resolvi homenagear a todos numa espécie de cordel em quadras, menos a métrica, pela dificuldade de encaixar os nomes das pessoas presentes. Ao final, a direção do evento solicitou uma cópia para anexar aos anais da JEMAR. O Irmão Salvador sugeriu que o título fosse modificado para V Gemada, significando a mistura de pessoas de muitos Estados e suas características. V GEMADA Uma pequena homenagem agora quero prestar, aos educadores que vieram fazer a V JEMAR.
Do extremo Norte ao Sul, temos gente de todo lugar, com a grande disposição dos conhecimentos ampliar.
GRACIANO de Belém, BENEDITA do Maranhão, temos ELZA e JOÃO BATISTA, participando em comunhão.
Com CLEIDE, do Recife, veio Alfredo, um vendaval; da Paraíba, ANTONIETA, nossa rainha do Carnaval.
VANDA veio de Uberaba, da Bahia, MARA e IACEMA; de Alagoas, a BARTIRA viva apesar de pequena.
De Goiás, Maria José; Vila Velha PENHA E MARINA; do belo Rio de Janeiro; com amor: SÔNIA e CRISTINA.
De São Paulo, a Grande Metrópole, temos MÁRCIA E ALICE; MARIA HELENA e ELIZA, do Paraná, encantando-nos com sua meiguice.
Quanta gente bacana! Agora estou a pensar; veio do Rio Grande do SUL participar da V JEMAR:
SANETE, NEIDA, MARIA HELENA, NEWTON, GILSON e SILVANA, também a MARIA EMÍLIA, Participando com gana.
Os trabalhos preciosos preciso também resaltar, das pessoas que trabalham concretizando a V JEMAR.
Quem já viu pessoas iguais aos Irmãos LAURINDO E SALVADOR?! Dois pastores de Deus, espalhando muito amor.
O Irmão CHESTANI nos trouxe a noção do equilíbrio mental que, por fim se resumiu no AMOR o grande “sinal”.
A Irmã CARMELITA, confesso, a princípio me preocupou... mas, ao final dos trabalhos, as dúvidas dissipou.
TESCAROLO, quem diria? Colocou-se ao nosso nível, e com essa sua técnica conseguiu do seu trabalho o rendimento possível.
Irmão Ramalho mostrou-nos a evolução da igreja: tirando os banlangandãs, fica a palavra de DEUS, o essencial que Ele deseja.
Pra falar de Champagnat, mostrando sua filosofia, teremos o Irmão Laurindo, pra nossa grande alegria.
O AMOR FRATERNO é fundamento. Por isso é importante ver o empenho dos Maristas em tornar-nos conscientes do que devemos fazer.
Voltei muito animada. Aqueles 20 dias comungando com educadores de vários Estados, com visões diversificadas, foi uma iluminação em minha vida. De repente, passei a ver um mundo diferente, cheio de possibilidades. Queria voltar a estudar, fazer um mestrado... Mas, o estudo dos filhos era prioridade. Segui fazendo todos os cursos de atualização ao meu alcance.
Rio de Janeiro, 25/06/81 Benedita Silva de Azevedo
Publicado por Benedita Azevedo em 01/11/2020 às 17h01
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