O temporal e o beijo
Segunda-feira após a Semana Santa,
voltei ao trabalho cheia de saudade. Dezessete anos, primeiro amor... Após uma semana longe de ti nada me faria ficar em casa. Ao raiar o dia, eu cheia de anseios, olhei pela janela as nuvens carregadas, o temporal, o vento a soprar e os raios, deixaram-me desanimada e triste. O coração contara dias, horas e minutos para o reencontro naquela manhã... E na hora de sair, aquele impasse iria atrasar a longa espera de tantos dias. Decidida, abri o armário e vesti a capa, calcei as galochas e abri o guarda-chuva, saí porta afora sem olhar para trás. Na primeira esquina, um carro em disparada dá-me um banho com água da sarjeta. Praguejo e sigo em frente alheia ao temporal. Alguns passos à frente, o vento zombeteiro transforma o guarda-chuva em vela destroçada, a drapejar bem forte com as hastes a voar. Cheguei ao trabalho toda encharcada e ao entrar pela porta, correste para mim... Levantaste-me no ar num abraço apertado e rodopiaste no meio do salão. Então um beijo ardente uniu as nossas almas para todo sempre... eternamente. Praia do Anil, 29.10.2008
Benedita Azevedo
Enviado por Benedita Azevedo em 25/02/2009
Alterado em 24/03/2009 |