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Amor platônico
Amor platônico, secreto, mas que alimenta e faz a vida tomar um novo sentido diante do vazio da alma desejosa de afeto. A fantasia torna-se tão real que muda o rumo da vida. Dá força para enfrentar desafios e surpreender o próprio enamorado.
Após superar grandes problemas, situações desafiadoras no dia a dia, Laura atingira um patamar jamais imaginado. Era uma jovem senhora de trinta e dois anos que retornava à terra natal após dez anos de ausência. Conseguira trabalho no colégio mais conceituado da capital.
A princípio trabalharia no turno da manhã. Conseguiu aulas em mais duas escolas. Pouco tempo depois foi convocada àquele colégio para trabalhar em horário integral. Quase não acreditou na proposta recebida.
Na reunião inicial para apresentação da nova diretora do primário, função que exerceria a partir dali, no turno vespertino, sentou-se ao lado do Diretor Geral, que era um frade sem hábito, elegantemente vestido.
Seu coração estava aos pulos. Era uma mudança muito rápida. Lecionava em escolas públicas estaduais e municipais, onde a remuneração era menos de um terço do que ganharia agora.  Após expor todos os itens da pauta o diretor disse aos trinta professores, que esperava a colaboração de todos com a nova diretora.
Algumas resistências aconteceram, principalmente, da diretoria anterior. Mas, tudo acabou dando certo.  Recebeu carta branca para resolver qualquer problema com pais e professores.
Convivendo diariamente com o diretor começou a perceber certo interesse por parte dele pelo andamento dos trabalhos. Os elogios durante as reuniões. Um toque disfarçado no braço, o interesse pela maneira que ela se vestia, de como atendia os pais e professores. Tudo isso, despertou em Laura um interesse além do normal pelo trabalho. As aulas da manhã eram das sete as doze e a direção do primário das treze às dezessete e trinta. Ela estava sempre ali na hora certa. Já ia para casa pensando em voltar no outro dia. Sempre querendo fazer tudo para agradar o diretor.
Planejava com cuidado todas as atividades e recebia todo apoio para sua execução. Inventava projetos de implantação de novas atividades e sempre era atendida. Quanto mais ela trabalhava e era aplaudida pelos resultados, mas acreditava que era uma pessoa especial para o diretor. Fazia tudo que lhe era solicitado além da carga horária: ensaios, passeios e excursões com alunos, ela sempre estava à disposição. Tudo lhe parecia fácil e nunca se cansava de trabalhar.
Tinha pressa de chegar ao colégio, mas era penoso ao final do horário voltar para casa. Chegou a lamentar o fato de o diretor ser um frade e ela uma senhora casada, mesmo que o marido fosse sequelado pela meningite e um derrame, ela respeitava aquele compromisso assumido dentro do preceito filosófico do " até que a morte os separe". Os dois nunca trocaram nenhuma palavra sobre o assunto. Acabado o tempo permitido para ele ficar naquela unidade escolar, foi para outro Estado. Ela continuou a trabalhar com o mesmo empenho, mas não com o mesmo entusiasmo.                      
  Praia do Anil, 14 / 02 / 2009
Benedita Azevedo
Enviado por Benedita Azevedo em 12/08/2010
Alterado em 23/10/2012


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