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A vida será o que você construir

No percurso do Colégio Estadual Mauá até minha casa, uma distância de aproximadamente 600 metros, vinha pensando na significação de uma existência.

A princípio, ainda pequenos, quando começamos a ter entendimento de que somos uma pessoa, dependemos inteiramente de nossos pais, quer sejam biológicos ou adotivos. Quando saímos para a escola e começamos a nos sociabilizar, aumentamos um pouco o nosso ambiente físico e também o relacionamento com pessoas que não pertencem à nossa família. Crescemos um pouco e chegamos à adolescência, fase de conflitos e incertezas. Chegando à idade da razão, temos que assumir nossos compromissos.

Para algumas crianças, a idéia de ir para a escola é encantadora, para outras um terror. Para as primeiras as descobertas do dia-a-dia somam alegrias às que elas têm em casa. Para as outras, as saídas de casa representam o afastamento daquilo que elas conhecem e confiam. Para umas a alegria das aventuras, das descobertas. Para as outras a chatice de sair de casa, tendo de se arrumar, fazer trabalhos, tudo é difícil.

Na adolescência, aquelas que aceitam naturalmente os fatos da vida, não percebem a diferença na passagem de uma fase para outra. Aquelas que fazem tudo de mau humor, reclamando de tudo, revoltam-se, passam por essa fase dando trabalho e preocupação aos pais. Sentem-se as pessoas mais infelizes do mundo.

Temos ainda, aquelas que recebem tudo de mão beijada. Não têm responsabilidade com nada. Os pais resolvem todos os seus problemas e lhes dão tudo o que necessitam e  que não necessitam.  Nesta terceira categoria, alguns se acomodam e aceitam a situação de maneira passiva, sem reação. Outros agem como verdadeiros ditadores. Acham-se no direito de exigirem, como se os pais tivessem de fazer o que querem, podendo ou não, levando aqueles que não têm firmeza a endividarem-se para realizar as exigências dos filhos.
As pessoas que aceitam tudo como um desafio e são mais agitadas, nem esperam chegar à maioridade para decidirem o que querem, e como sempre se dão bem.  Podem tropeçar, mas acabam levantando e indo em frente. As outras tropeçam e desistem. Outros ainda, se acomodam e vivem à custa dos pais a vida inteira, sem objetivos definidos. Chegam a um determinado tempo que entram em depressão, vagam pelas ruas, buscam amigos da adolescência que, na maioria das vezes, estão cuidando da própria vida e não têm tempo para lhes dar atenção. Então arranjam desculpas para se lamentarem, colocam a culpa no governo, nas autoridades, nos pais e nos outros que não lhes ofereceram ajuda.

Aqueles que sempre tiveram responsabilidades e as aceitaram com alegria acabam formando uma bela família. Mesmo que tenham de trabalhar muito. Estão sempre felizes porque têm um objetivo definido na vida. Os acomodados podem formar uma bela família, mas não lhes dá  valor e estão sempre em busca de uma liberdade que não sabem onde encontrar. Na sua ânsia de busca deixam passar as oportunidades de construírem um ambiente feliz para si e para as pessoas que os rodeiam. Passam por várias experiências e quando chegam à velhice lamentam o fato de estarem sozinhas ou maltratadas por pessoas que só lhes querem tirar vantagens. Dão sorte quando encontram, afetivamente, alguém que lhes compreenda as fraquezas e lhes dá carinho e compreensão, é claro, se encontrarem uma daquelas pessoas que foram habituadas a ter responsabilidade e caminhar com naturalidade.

O importante na vida é ter um objetivo desde cedo. Criar na sua existência hábitos saudáveis que lhes possam oferecer uma referência positiva em qualquer que seja a fase pela qual está atravessando e que na velhice sirva de referência para as pessoas.
Praia do Anil, 21 / 11 / 2002
Benedita Azevedo
Benedita Azevedo
Enviado por Benedita Azevedo em 22/07/2007
Alterado em 23/10/2012


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