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O Ensino público pede socorro
Enquanto o ensino público continuar do jeito que está, poucos alunos atingirão sucesso em vestibulares, concursos ou  em qualquer emprego.

Sem um conteúdo adequado, como esses jovens chegarão ao final dos cursos? Como irão competir com os que estiverem mais bem preparados? Não há preocupação com a qualidade nem acompanhamento do que é ministrado. Os professores, mal remunerados, enchem-se de aulas e não têm condições de avaliar o que fazem e nem são cobrados. No final do ano, alguns aprovam todo mundo, outros reprovam a maioria e em duas  aulas recuperam todos os alunos.

É fundamental que haja uma preocupação maior com a equipe de direção, para que acompanhe os trabalhos de todos os professores e procurem se inteirar dos conteúdos do núcleo comum nacional de cada área, para que possam verificar o andamento progressivo dos trabalhos.      
   As capacitações de professores perdem-se no vácuo da falta de cobrança. Os profissionais fazem os cursos, voltam para suas unidades escolares e continuam trabalhando exatamente como antes. Não há interesse nem organização para que eles sejam multiplicadores dentro da escola. Muitas vezes são até isolados do grupo. O Estado paga para a instituição uma capacitação para duzentos professores e só aparecem 30% e nenhuma atitude é tomada. A instituição que ministrou os conteúdos recebeu o dinheiro e os profissionais continuaram no mesmo, ensinando  para o seu aluno só aquilo que sabem e em alguns casos é bem pouco.
Há necessidade de os profissionais da educação acordarem para a responsabilidade que têm diante dos fracassos escolares. Um aluno não fracassa sozinho. Alguém deixou que ele chegasse ao Ensino Médio sem saber ler corretamente e o jogou para frente no balaio de objetos sem qualidade, sem sequer, preocupar-se em lhe oferecer o mínimo, nem lhe fazer uma proposta para melhorar seu desempenho.
Os alunos também colaboram, achando que o importante é passar de ano com boas notas, não se preocupando se estão ou não preparados para enfrentar os desafios que terão pela frente. Embora a cada dia seja mais difícil conseguir um trabalho, muitos ainda não têm o senso de prepararem-se para competir com dignidade pelo seu lugar ao sol. Muitos preferem acomodarem-se e ficam à mercê de políticos para conseguirem  um contrato temporário. Contribuindo para o fracasso educacional. Na hora dos concursos ficam sempre  para trás.
Enquanto cada profissional somente fizer aquilo que quer e não o que deveria fazer, a educação continuará deixando muito a desejar. Serão poucos os alunos de escolas públicas que chegarão a ter sucesso somente com o que estudaram nessas escolas. Os mais persistentes continuarão buscando, perdendo um tempo precioso na conquista de seus objetivos, pela falta de qualidade do que lhes é oferecido, precisando repetir em cursos preparatórios o que deveriam aprender no curso regular. É claro que temos exceções como: O Pedro II, As Escolas Técnicas Federais, Os núcleos de Ensino Médio das Universidades Federais e Estaduais e muitas escolas públicas, onde a equipe de direção tem noção da importância de um acompanhamento cuidadoso e sistemático. Mas, infelizmente, muitas seguem de acordo com a visão de cada professor, sem o acompanhamento dos planos de ensino que ficam  no papel. E quando somos avaliados, além fronteiras, ficamos com os últimos lugares.
Portanto, ao invés de pagarem uma verdadeira fortuna para uma instituição avaliar as escolas públicas, sem nenhuma coerência, seria muito mais proveitoso organizá-las com o corpo docente completo, com professores concursados, evitando contratos, muitas vezes daqueles professores que foram reprovados, nos concursos, enquanto os aprovados ficam esperando uma oportunidade que não vem.
Assim como uma casa, na mão de empregados sem orientação, acaba num caos, assim também, uma escola sem um corpo técnico:  Diretores, Adjuntos,  Orientadores Pedagógicos, Pessoal de secretaria em número suficiente e conscientes da responsabilidade de terem em suas mãos o sucesso ou o fracasso de uma criança, de um jovem, de um adulto, acaba contribuindo para que milhares de pessoas  desistam no meio do caminho, agravando um dos piores problemas do ensino público: a evasão escolar, ou cheguem ao final dos cursos sem nenhuma chance de vencerem os desafios do mundo moderno.
Sendo assim, o ideal seria que cada unidade tivesse os seus técnicos concursados e fossem preparados para acompanharem a estrutura escolar. Tanto no aspecto pedagógico como no administrativo. Organizando jornadas pedagógicas nas próprias escolas, no início do ano letivo e de avaliação e replanejamento no início do 2º semestre. Duas semanas de estudo dos parâmetros curriculares e de planejamento bem feito, salvam todo o ano letivo. Mas precisa ser realmente de estudos e planejamento e não de enrolação. Pode parecer incrível, mas há muitos professores e até diretores que até hoje não sabem o que são os Parâmetros Curriculares Nacionais. As Coordenadorias Regionais deveriam ser mais bem estruturadas, com supervisores em número suficientes, para acompanharem o desempenho de cada unidade com a seriedade que a Educação merece.              

Praia do Anil, 20/02/2003                      
         Benedita Azevedo
                                                                                                                            
Benedita Azevedo
Enviado por Benedita Azevedo em 22/07/2007
Alterado em 23/10/2012


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