Projeto “Fome zero”?
A maioria dos brasileiros sonha com um país onde todos possam ter três refeições diárias. Mas, para resolver o problema da fome no Brasil, há necessidade de muito mais que distribuir R$ 50,00 por mês para as famílias pobres. Muitos que não precisam tanto podem ser beneficiados, enquanto alguns que estão morrendo de fome ficarão sem receber nada. Nós que conhecemos o jeitinho brasileiro, sabemos que muita gente esperta desviará para os seus afilhados, recursos que não matarão a fome de ninguém. Mas comprarão carros, pagarão viagens, financiarão programas ilícitos de toda a ordem.
Fico muito preocupada com essa idéia de distribuir dinheiro de maneira generalizada. Sabemos que o Brasil é muito grande e será muito difícil uma distribuição justa. Podemos estar estimulando uma porcentagem muito grande de pessoas a se acomodarem, esperando receber do governo, o que sua família precisa, achando que é obrigação dos outros resolverem os seus problemas; e deixando de produzir, sobre-lhes todo o tempo para a marginalidade. Há a possibilidade de serem desenvolvidos grupos iguais aos sem terra, que julgando-se injustiçados, invadem propriedades alheias, numa exigência, como se eles tivessem trabalhado a vida inteira e aqueles donos de propriedades, que muitas vezes trabalharam muito para construir um patrimônio, lhes tivessem roubado o fruto do trabalho. Haverá sempre alguém mal intencionado para aliciá-los. O ideal seria criar fontes de trabalho em todos os municípios brasileiros, sob a orientação das prefeituras, que já possuem as suas estruturas, evitando formarem-se mais e mais grupos com acesso a essa distribuição e o aumento do número de pessoas que provavelmente desviarão e manipularão os recursos destinados ao programa. O estudo para acabar com a miséria passa pela necessidade de um sério projeto de planejamento familiar. Um projeto educativo que mostre principalmente ao sexo feminino, que não pode simplesmente, engravidar e jogar crianças ao mundo, sem saber como criá-las. Não podemos conceber uma mulher sozinha, morando num barraco com cinco ou dez filhos. Não depois de termos tantos recursos para o controle voluntário da natalidade. Precisamos de um programa de orientação social que esclareça a elas, da necessidade de fazerem esse controle. Mas há necessidade de se fazer um acompanhamento sistemático. Muitas recebem o remédio, tomam um ou dois comprimidos, e por ignorância, acham que não precisam mais do que isso por mês. Depois engravidam e dizem que o remédio não deu certo. Como é que uma mulher sozinha tem o primeiro filho com toda dificuldade, morando e alimentando-se precariamente, e continua gerando filhos e mais filhos, sem condições de cuidar deles e de si mesma? Será que elas geram tantos filhos na tentativa de agradar e prender um parceiro e depois se vêm sozinhas, tendo de cuidar de todos? E no desespero, sem nenhuma condição de mantê-los, mandam todos para a rua, se arranjarem do jeito que podem? Ou será que os geram já pensando na possibilidade de todos irem para a rua e quantos mais forem mais coisas trarão para casa, sem pensarem nos riscos que correm e nas conseqüências de uma vida sem nenhuma estrutura? Esta situação, expõe as crianças a todo tipo de perigos, acabando presas fáceis de todo tipo de exploração, inclusive do tráfico e da prostituição infantil. Por tudo isto, é muito importante que ao mesmo tempo que se combata a fome, criando oportunidades para que cada um trabalhe e construa a sua própria cidadania e se orgulhe disso, seja feita também, uma campanha educativa, para que os casais ou a mulher que resolva formar a sua família sozinha, tenham a consciência de ter poucos filhos: um ou dois, para que lhes possam oferecer o mínimo indispensável. Não só no que diz respeito à alimentação, mais também, à educação e saúde. Mesmo que precisem de ajuda para criá-los, será muito mais fácil do que se tiverem cinco, dez filhos. Onde comem ou estudam um ou dois, não comem nem estudam cinco ou dez. Guia de Pacobaíba, 29 / 01 / 2003 Benedita Azevedo
Benedita Azevedo
Enviado por Benedita Azevedo em 23/07/2007
Alterado em 23/10/2012 |