26/07/2020 18h14
Histórias e fotos – capítulo IX
Concurso de professores No segundo semestre de 1972, os alunos do MOBRAL já liam, dezesseis deles iniciaram a Educação Integrada, em agosto. Recebi esses dois certificados. Passei no concurso para professores municipais e no vestibular. A loja que se arrastou de agosto de 1970 até final de 1972, foi liquidada. Eu ficava parte da manhã para ajudar a negociar as dívidas. Morávamos perto. Sempre que aparecia um credor, meu marido marcava para a manhã seguinte, quando eu estivesse na loja. Não dava mais para manter aquela situação. Durante um tempo, vivíamos dos meus proventos e a venda domiciliar de mercadorias que sobraram. Depois negociei com um comerciante, toda a mercadoria que restava por um preço bem baixo. Mas Liquidei aquilo de vez. Em 1973, doze dos alunos da Educação Integrada receberam o certificado do primário. Oito já estavam matriculados na quinta série do Ensino Fundamental à noite. Meu novo trabalho e a faculdade não me permitiram continuar a dar esperanças de realização do sonho de estudar e progredir. Assumi meu trabalho no SESC e gostei muito de ensaiar o Grupo Teatral “ARTE-DRAMA” - O coordenador anterior já havia escolhido o texto e estava com o roteiro pronto. Uma adaptação de “O Morro dos Ventos Uivantes”. Moacir, o ator principal, sabia tudo de teatro. Coloquei-o como diretor da peça, pois além do teatro eu tinha de divulgar as atividades do SESC para os comerciários. Isso implicava em ir às lojas, marcar um dia para reuni-los e inscrevê-los nas atividades do Centro de atividades. Eu preferia ir ao comércio nos dias em que trabalhava das 13 às 19h. Nos outros ensaiava o teatro com Moacir e administrava toda a parte de figurino e locais para as apresentações. As primeiras foram no Centro de Atividades, em Itajaí, onde tínhamos um salão para 50 pessoas. A clientela era formada pelos comerciários e seus familiares. No segundo semestre fizemos apresentações em Florianópolis e outras unidades do SESC-SC. As aulas de recuperação na oitava série também foram satisfatórias. No primeiro semestre trabalhei a unidade de fonética e classes de palavras. No segundo a programação de oitava série: ninguém consegue aprender orações subordinadas sem conhecer as classes de palavras. Todos foram aprovados. Com avaliações contínuas, eu fazia exercícios de reforço para os que tinham mais dificuldades. No último sábado do mês eu dispensava os que obtivessem notas azuis e trabalhava com as dificuldades dos demais. Todos foram aprovados. Usei com eles a mesma metodologia que usara na Educação Integrada. A interpretação do que liam era fundamental. Fiz minha inscrição para o “Projeto Rondon”, no diretório acadêmico, na faculdade. Consegui a indicação para prestá-lo durante três meses, no INPS, recebendo meio salário mínimo. Trabalhei como assistente no consultório médico da pediatria. Em outubro fiz o concurso da prefeitura e fui aprovada. Segundo as informações, os aprovados nas várias áreas, seriam nomeados no início do ano letivo. Era a minha esperança. Gostava muito do trabalho de orientação social. Entretanto, aquele horário estava me prejudicando muito. As aulas da faculdade começavam às dezenove horas. Três dias da semana eu saia na mesma hora do trabalho. Chegava quase na metade da primeira aula de duas horas. Quando saía às vinte e uma horas, chegava quase ao final da última aula. Pegava o caderno de uma colega para copiar a matéria e deixar em casa dela na passagem para o trabalho, no dia seguinte. As aulas do sábado foram deixadas para trás. Fiquei reprovada por falta. Eu não poderia continuar no SESC em 1974. As aulas de português, pré requisito de todo o curso, seria no sábado. O que me tranquilizava era a crença de que seria nomeada e conseguiria as aulas das quintas séries, no município. Em dezembro recebi um memorando solicitando minha presença na prefeitura. Eu tinha de apresentar os documentos para a nomeação. Eu pegaria uma turma de primeiro ano, pela manhã e quatro turmas de 5ª série a tarde, somando 20 aulas de português. Receberia um salário mínimo da nomeação do primário. As quintas séries seriam através de contrato de 10 meses, o que me daria o correspondente a mais um salário. As faltas seriam descontadas. Era bom ter um salário certo, mas, agora eu estaria fora de casa os três turnos. Os filhos com 9 e 10 anos, ficariam com o pai que, após o AVC, em agosto de 1970 recebera meio salário mínimo do INPS por 90 dias e permanecia sem renda. Esta foto era da carteirinha de estudante, do segundo ano de Letras. Publicado por Benedita Azevedo em 26/07/2020 às 18h14
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. 26/07/2020 18h05
Histórias e fotos – capítulo VIII
Um emprego de verdade Agora, aprovada em Direito e Letras precisava de um emprego para garantir a mensalidade da faculdade. A prefeitura cancelou as bolsas que oferecia. Fui falar com a secretária de educação. Contei das aprovações e perguntei qual das duas seria melhor para se arranjar um emprego? Ela disse que se eu fizesse Direito só arranjaria estágio no 4º ano. Mas, se fizesse Letras poderia fazer o concurso que teria para o primário no segundo semestre. Se fosse aprovada já seria nomeada no início de 1974. Poderia também lecionar português nas 5ª séries que seriam criadas no ano seguinte, em todas as escolas municipais. Saí da prefeitura e fui fazer a matrícula. Ao final da semana fui visitar Aurenir, uma amiga nordestina de Bodocó-PE. Falei a ela que precisava arranjar um emprego para garantir o pagamento da faculdade. Ela perguntou se eu queria pegar algumas aulas de recuperação na 8ª série, aos sábados? Ela era professora de português. Na escola onde trabalhava formaram uma turma com alunos que não conseguiram o aproveitamento necessário para fazerem o 2º grau. Perguntei se eu poderia me habilitar só com o vestibular? Ela disse que sim. Desde que fosse acadêmica de letras. Fizemos as contas e não daria para pagar a mensalidade. Ela me pegou pelo braço e saímos pela porta da cozinha, para a outra rua. Fomos falar com Carmem a coordenadora do SESC-Itajaí. Fui apresentada e falei que precisava de um emprego e se ela não estava precisando de alguém no Centro de Atividades? Ela disse que precisava de uma funcionária para trabalhar no Grupo Recreativo, mas, precisava entender de teatro, pois o rapaz formara o “Grupo Teatral Arte-Drama” e precisou se afastar. Além disso, teria que divulgar as atividades da entidade no comércio. Rápido eu perguntei se ela deixaria eu fazer uma experiência. Ela arregalou os olhos e disse: Estou gostando do seu jeito. Vamos tentar. Passa lá na segunda feira para conversamos. Voltamos à casa da minha amiga. Ela entrou no quarto e saiu com uma bolsa cheia de livros: - Aqui estão todos meus livros do curso de Letras. Eu terminei no ano passado. São seus. Aqui tem 3 cadernos de 10 matérias. Com isso já dá para começar. Fiquei emocionada. Voltei para casa com dois trabalhos. Era só organizar o horário. Sem esforço e estudo nada disso aconteceria. Se eu tivesse ficado só reclamando e não fizesse nada, teria pedido ajuda para voltar para o Maranhão derrotada. Na segunda, fui ao SESC. O horário era móvel. Seis horas de trabalho, sendo: 2ª, 4ª e 6ª das 13 às 19h e 3ª e 5ª das 15 às 21h. Todos os sábados das 8 às 14h. No mês seguinte alternava. Os dias que se trabalhava até às 19, passaria para 21h e o das 21 para 19h. Como os horários seriam alternados, daria para assistir 50% das aulas, o mínimo para não reprovar por falta. Naquele ano as aulas de inglês seriam aos sábados. Fui conversar com a secretária se poderia deixar de fazer o inglês. Ela disse que na matrícula teria de ser horário cheio, mas, eu poderia faltar, ser reprovada por falta e faria depois. Esta foto foi para a carteira de identidade que eu perdera, em 1973. Fiz duas e guardei uma. Estava vestida com o guarda pó do primário. À época, pediram que eu tirasse os brincos e o colar. - NATUREZA Cenários da minha infância. Sol da manhã a brilhar... O mato molhado de orvalho Refrescam frutos maduros.. O Sol por traz das palmeiras das paisagens maranhenses Às margens do Itapecuru... Pela manhã, ao sair para a escola A beleza extasiante de ver O Sol e a neblina subirem. Os marrecos a sobrevoarem o rio Deixavam-me encantada a observá-los Até sumirem na curva rio acima... E a euforia ao vê-los retornarem Em busca de alimento mergulhar aqui e ali. Os caminhos na floresta... Onde muitas vezes andei Em busca de frutas e pássaros, Ou simplesmente passava Para acompanhar minha mãe Em visitas às comadres Mães dos filhos que ajudava a trazer ao mundo. Itajaí, SC, 27.08.72 Benedita Azevedo Publicado por Benedita Azevedo em 26/07/2020 às 18h05
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. 26/07/2020 17h40
Histórias e fotos – capítulo VII
Resultado do Vestibular Desde meados de 1970, quando meu marido teve o AVC, comecei a ir com ele para a loja. Consequentemente, com o espírito que tenho não ia ficar só de coadjuvante. Percebendo que ele não era mais aquela pessoa atenta aos mínimos detalhes, fui discretamente assumindo a direção das coisas. Não que eu tivesse planejado, mas foram acontecendo. Desde então, com a necessidade de tempo para cuidar da loja, da família e da minha formação, já prevendo o final insustentável da loja, dormia sempre após a meia noite, uma, às vezes duas da manhã, para está de pé às seis e trinta. Esse hábito adquirido naquela época me acompanha até hoje. Cinco seis horas de sono são suficientes. Só pude fazer tudo isso pela situação geográfica da minha casa, que, em relação aos locais de trabalho, estudo e colégio dos filhos ficava a dois quarteirões, em direções diferentes. Chegou o tão esperado dia do resultado do vestibular. Só não estava mais ansiosa, por não ter tempo de pensar no assunto. As responsabilidades eram grandes. Seria no ginásio de esportes, já não me lembro o nome, mas como disse Bashô, isso não é importante e sim o que aconteceu naquele dia. Saí de casa cedo para receber os resultados. Nunca soubera do trote dado aos calouros pelos veteranos. Os resultados de Direito foram lidos primeiro. À medida que eram anunciados, os aprovados se dirigiam ao centro da quadra. Ali as mulheres tinham as unhas cortadas e os homens a cabeleira tosquiada. Eram 150 vagas, fui classificada em 48º lugar, mas, como minha primeira opção era Letras, poderia descer após a leitura dos classificados em meu curso. Festejei muito. Mesmo que não fosse classificada em Letras, iria fazer Direito. Pareceu-me muito lenta a leitura após minha classificação. Finalmente os classificados em Letras foram nominados. A leitura era do último para o primeiro. Quando chegou ao trigésimo fiquei apreensiva. Acreditava que seria classificado entre os últimos, o que para mim estava muito bom. Chegou ao vigésimo, e nada. O coração acelerou um pouquinho, já me via fazendo a matrícula em Direito. Décimo lugar... Benedita Silva de Azevedo. Naquele momento, respirei fundo e desci para receber o trote que seria duplo. Tive as unhas cortadas e tomei um banho de tinta. A alma estava leve e o coração descompassado, mas, cheio de alegria, como nunca estivera antes. Cheguei a casa e todos ficaram assustados. Tive que explicar que conseguira classificação em dois cursos e era o costume das faculdades dar trotes nos novatos. Além disso, eu teria de andar com o boné azul dos calouros durante todo o ano. Se não o fizesse pagaria multa. Esta foto é da carteirinha do primeiro ano de letras, da FEPEVI – Fundação de Ensino do polo Geoeducacional do Vale do Itajaí - 1973. Hoje Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI. Poesia da I Fase Saudades I Quantas saudades eu tenho! Do tempo que longe vai Da casa cheia de sonhos Da vivência com meu pai. Às vezes fico pensando Quantos sonhos lá ficaram Daqueles bosques tão lindos Meus pensamentos voaram. Andaram longas estradas Vagaram por este país Coloquei o sonho em prática Fui dependente e feliz. Hoje perdida no tempo que no passado ficou só trago muita saudade da lembrança que restou. Das lindas flores que havia Naquelas plantas selvagens, Brancas, lilás, amarelas, Em meio a verdes folhagens. . Longe a perder de vista Vislumbrava o coqueiral Aquela planta nativa Nascia desde o quintal. O sabiá logo à tardinha No seu dobrado saudoso Enchia-me de alegria Ai, que tempo venturoso! Entre a mata e o mar do Anil Não vejo mais as palmeiras Moro agora em outro extremo Destas terras brasileiras. São Luís, MA, 05.10.65 Editado em 01/05/06 Praia do Anil, 15 de julho de 2020 Benedita Azevedo. Publicado por Benedita Azevedo em 26/07/2020 às 17h40
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Histórias e fotos – capítulo VI
O vestibular e o sonho 1971-1972 dois anos de muita pressão psicológica, um super esforço intelectual, idas e vinda com o marido para o hospital, mudanças de planos, reconstrução de objetivos e a manutenção da família, me levaram a engordar 10 quilos. Tirando as roupas perdidas, não me preocupei com isso. Estava saudável fisicamente. Ao concluir o Clássico em julho de 1972, foi um peso que me saiu dos ombros. Sem ele eu não conseguiria dar um passo à frente. Após fazer as últimas provas dia 7 de julho, comecei a estudar os conteúdos que poderiam entrar no vestibular. Não queria me preocupar com matemática, física e química, pois não teria tempo de assimilar os conteúdos. Seria necessário reforçar as matérias da área humanística com peso maior na contagem de pontos. Mesmo assim assisti às aulas do cursinho. Nesse espaço de tempo aconteceram coisas boas que me surpreenderam. Recebi convites de alguns cursos preparatórios do madureza, para contar aos alunos como eu tinha conseguido fazer os dois ciclos em um ano, fazendo todas as provas dos dois? Eu levava os certificados, os professore conferiam as datas das provas... A única explicação era a dedicação aos estudos e determinação de vence ou vencer. Eu não tinha outra opção. Tendo feito um curso de Parapsicologia, na última semana de setembro de 1971, divulgado por um dos professores que nos ministraram aulas no salão paroquial, até acreditava que seria uma missão. Mas, a missão mais concreta que eu tinha pela frente era cuidar dos filhos e lhes dar bons exemplos. Ao final daquele curso fizemos um teste vocacional. Meu resultado, “Literatura e artes em geral” me fez quebrar aquela cisma de fazer Direito. Coloquei-o em segunda opção e Letras em primeira, na inscrição do vestibular. Continuei as aulas, agora com a matéria da Educação Integrada. Aquele grupo até parecia comigo. Iniciamos em agosto. Os alunos pretendiam terminar em fevereiro, pois se eu passasse no vestibular, eles não queriam outra professora. Minha responsabilidade ficava maior. Combinamos tentar fazer as matérias do primeiro semestre até a primeira quinzena de novembro. Se conseguíssemos, faríamos o resto até fevereiro. Só não valia eles torcerem para eu não ser aprovada no vestibular! Meus filhos fariam a primeira comunhão em outubro. Eu precisava providenciar as roupas. O dinheiro estava curto. Eu tinha dois novelos de linha cleia branca em casa. Resolvi fazer o vestido da Jane em crochê. Arte aprendida com minha professora do 3º e 5º anos do primário, no Grupo Escolar Gomes de Sousa, em Itapecuru Mirim, Dona Francisca Rodrigues. Quando chegava das aulas de Educação integrada, às 21:30 sentava-me para ver televisão e fazia o crochê. Fiz o vestido e as meias. Ficaram lindos. Em um final de semana fiz a roupa do Rogério. Eu não contava com ninguém. Longe da terra natal, da família, lutando para sobreviver dignamente, sem depender de ninguém. Não permitia que nada negativo se sobrepusesse à minhas atividades. Lição aprendida no livro “O caminho da felicidade” de Humberto Rohden, lido na década de reclusão pós casamento. Enfim, chegou a semana do vestibular. Os filhos fizeram a primeira comunhão e já estavam de férias. Saí só com duas canetas, um lápis e uma borracha. A primeira prova era a de português e Literatura, as matérias que mais me dedicara, até por conta das aulas da Educação Integrada, que eu ficava pesquisando nas gramáticas, a maneira mais fácil de passar aos alunos. Achei que me saí bem. As provas das matérias que eu estudara para o Clássico eu fiz bem. Matemática até consegui fazer alguma coisa. Mesmo as de Química e Física respondi algumas questões básicas, resultado das aulas que assisti como ouvinte no primeiro ano científico, no Colégio São José e nas aulas do cursinho, oferecido pelo Diretório acadêmico. Aguardemos os resultados! Esta foto era do crachá da escola. Os professores da Educação Integrada que não eram da Unidade Escolar tinham de se identificar na portaria. Publicado por Benedita Azevedo em 26/07/2020 às 17h27
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Histórias e fotos – capítulo V
Início do magistério no MOBRAL. Com a reforma do ensino e implantação da Lei 5.692, de 1971, com o objetivo de profissionalizar o Ensino médio dando um caráter de finalização. de tal modo que os alunos começassem a trabalhar, se não quisessem fazer um curso superior. Sendo assim, mudou a nomenclatura. Agora tínhamos o Primeiro grau, abrangendo o estudo da primeira a oitava série e Segundo Grau, as três séries do ensino médio, substituindo o Científico e o Clássico. Agora, além de Espanhol e Filosofia, eu teria de fazer provas de matemática, química, Biologia e OSPB. A próxima oportunidade de realização de provas seria em fevereiro de 1972. Eu fiquei sabendo da mudança 13 dias antes. Mesmo assim, fiz as provas no Conjunto Educacional Governador Celso Ramos, em Joinville-SC. Entretanto, alunos que tinham começado o Clássico, como eu, e só faltavam até duas matérias entraram na justiça pelo direito de fazerem só essas matérias. Enquanto o resultado não saia continuei estudando Filosofia e Espanhol e fiz as provas em julho em Blumenau. Mas, os resultados só poderiam ser publicados após a decisão da justiça. Em setembro saiu o resultado. Recebi o certificado e as notas do Clássico. Filosofia e Espanhol constavam como feitas no Colégio Normal Pedro II em Blumenau e OSPB no Conjunto Educacional Governador Celso Ramos. Então, na verdade, em Joinville só passei em OSPB. Bendita a ideia que tive de fazer Filosofia e Espanhol em Blumenau. Completei todas as matérias com 55% de aproveitamento em espanhol, 65% em filosofia e 84% em OSPB. Fui aprovada nas primeiras provas do 1º ciclo em julho de 1971 e Fechava as do 2º ciclo em julho de 1972. (5 anos em 1). Parei de estudar na 2ª série do ginásio. Agora estava apta a prestar o vestibular. Morávamos a duas quadras da faculdade (FEPEVI – Fundação de Ensino do Polo Geoeducacional do Vale do Itajaí, hoje, UNIVALE -Universidade do Vale do Itajaí) que funcionava no C.E. Nilton Kucker , à Rua Silva. Fui pedir informações sobre o vestibular de 1973. A secretária informou que estavam organizando um cursinho pré-vestibular a partir de setembro. Perguntei se tinham os programas do vestibular para Letras e Direito? Informaram que a partir daquele ano de acordo com a 5.692, o vestibular seria unificado. Peguei uma cópia para começar a estudar e fiz logo minha inscrição para o preparatório que começaria em outubro. Eram 50 vagas para Letras e 150 para Direito. Conseguimos acertar tudo para começar as aulas do MOBRAL dia 02 de abril, com 22 alunos bem interessados. Quando começou o frio no mês de maio alguns foram desistindo. Fiz visitas, conversei, mas alguns não voltaram. Chegavam cansados do trabalho e com o frio não queriam sair de casa. O grupo que permaneceu queria mais. No final de junho estavam alfabetizados. Fez uma carta pedindo que eu continuasse as aulas. Queria fazer a Educação Integrada. Queria concluir o primário e começar o ginásio, o mais breve possível. Souberam que só poderiam começar em 1973. Até mostraram os livros da Educação Integrada e leram alguns textos. Olhem só, um grupo de alunos parecidos comigo. Senti que meu dever naquela hora era facilitar a resolução desse problema. Propus fazer uma avaliação com eles. Se as notas tivessem 70% de aproveitamento eu iria conversar com a Secretária de Educação. Os 16 que permaneciam no curso estavam alfabetizados. A maioria teve aproveitamento acima de 70%. O problema era que a Educação Integrada só começaria em março. Se ficassem parados poderiam perder o estímulo. Levei a carta e as provas para a Secretaria de Educação. A coordenadora mostrou tudo à Secretária de Educação. Elas me pediram um tempinho para analisar a situação. Nossa! Então teria uma possibilidade! Em julho teríamos as férias escolares. Mas, antes soubemos o resultado. Havia uma vaga para a Educação Integrada. Uma professora desistira por falta de alunos. Só não poderia mudar o nome dela àquela altura. Os alunos queriam que eu desse as aulas. Se eu concordasse ela já havia aceitado a proposta da coordenação. Concordei . As aulas passariam a ser em uma escola municipal, onde funcionava a turma que fora fechada. Eu estava vivendo com eles a mesma realidade. Queríamos recuperar o tempo perdido. Recomeçamos as aulas em agosto. Criei o meu próprio método. Os alunos eram todos adultos. Mostraram que tinham facilidade de aprender. E o mais importante: Queriam aprender! Seguimos a programação. Mas, em português, trabalhei com eles uma unidade de fonética. Se soubessem ler e interpretar, aprenderiam as demais matérias com facilidade. Eles precisavam conhecer as (letras: vogais e consoantes). Precisavam saber que (quando se escreve, temos letras. Quando ouvimos, temos fonemas). (Que para escrever as palavras, usamos sílabas que são formadas pelas letras). (Letra, fonema, sílaba, palavra, frase, oração)-(Encontros vocálicos: ditongo-tritongo-hiato)-(Classes de palavras – bilhetes, carta- descrição). No segundo semestre recebi vários pedidos para preparação de alunos para o Madureza. Aceitei alguns. Os cursinhos preparatórios solicitaram visitas para contar como consegui fazer em um ano todas as matérias do 1ª e do 2º ciclos. O segundo semestre de 1972 foi bem movimentado. Esta foto foi feita no dia da primeira comunhão dos filhos, Rogério com 9 e Jane com 8 anos. Estavam no terceiro ano primário, em 1972 coincidindo com o término das minhas provas do segundo ciclo. Benedita Azevedo
Publicado por Benedita Azevedo em 26/07/2020 às 17h08
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